Ler e escrever são habilidades básicas para adquirir
conhecimentos variados, de modo que a ausência ou a deficiência no
desenvolvimento dessas habilidades prejudicam a aquisição de conhecimentos nas
mais diversas áreas do conhecimento.
O fato de estarmos inseridos em uma sociedade de cultura
letrada, isto é, onde as relações se dão a partir de código escrito,
independente de um processo bem-sucedido de escolarização, oferta uma gama
extensa de textos que circulam socialmente no cotidiano.
As crianças já nascem inseridas nesse contexto letrado e são
expostas desde muito cedo a fontes de linguagem diversas: gêneros textuais
orais e escritos, como parlendas, cantigas de roda, receitas, panfletos de propaganda,
textos de literatura infantil, entre outros. E, quando iniciam o processo de
alfabetização em uma instituição escolar são expostas, por vezes, a materiais preparados
unicamente a atender uma demanda de aprendizagem que, nem sempre, tem relação
com a realidade, muito menos utilidade social.
Para Paulo Freire, o processo de alfabetização precisa estar
relacionado ao universo em que o aluno está contido, de modo que o
desenvolvimento das habilidades de ler e escrever tenham um significado,
despertando, assim, o interesse por parte dos educandos.
Nesse sentido, por que não utilizar os textos veiculados em
meios já conhecidos pelos alunos?
Em um panfleto de pizzaria, por exemplo, pode-se trabalhar os
nomes dos ingredientes que compõem as pizzas, bem como os números que compõem o
preço de cada uma delas.
Este mesmo trabalho pode ser desenvolvido a partir de um
encarte de promoções de um supermercado.
Que tal simular uma ida a esse estabelecimento em sala de
aula? Entre outras atividades, os educandos podem propor a escrita dos cartazes
de preços dos produtos tendo o professor como escriba.
Outra possibilidade é trabalhar com uma carta, um
convite ou um cartão de aniversário. Trabalhar os nomes do destinatário e do
remetente pode ser uma boa opção para promover o trabalho com as letras do
alfabeto, o uso de letras maiúsculas e minúsculas; já o conteúdo da mensagem pode
ser pretexto para um trabalho de interpretação.
E as parlendas, tão usadas em brincadeiras de roda na
educação infantil? Por que não as transcrever e trabalhar esse rico gênero
textual enquanto fonte para atividades que promovam o processo de alfabetização?
A seguir, propomos uma sequência didática para o trabalho
com a parlenda “A casinha da vovó”.
Relações com a BNCC:
Práticas de linguagem:
- Leitura/escuta (compartilhada e autônoma)
- Escrita (compartilhada e autônoma)
Objetos de conhecimento:
- Compreensão em leitura
- Construção do sistema
alfabético/Convenções da escrita
Habilidades: (EF01LP16)
Ler e compreender, em colaboração com os colegas e
com a ajuda do professor, quadras, quadrinhas, parlendas, trava-línguas, dentre
outros gêneros do campo da vida cotidiana, considerando a situação comunicativa
e o tema/assunto do texto e relacionando sua forma de organização à sua finalidade.
(EF12LP03) Copiar textos breves, mantendo suas características e voltando
para o texto sempre que tiver dúvidas sobre sua distribuição gráfica,
espaçamento entre as palavras, escrita das palavras e pontuação.
(EF01LP05) Reconhecer o sistema de escrita alfabética como representação
dos sons da fala.
Materiais necessários:
quadro/lousa, pinceis ou giz coloridos (2 cores pelo menos).
Passo 1: Inicie o trabalho, transcrevendo
a parlenda “A casinha da vovó” no quadro/lousa. Nossa sugestão é ressaltar as
palavras iniciadas com a letra C com uma cor diferente.
A CASINHA DA VOVÓ
CERCADINHA DE CIPÓ
O CAFÉ ESTÁ DEMORANDO
COM CERTEZA NÃO TEM PÓ.
Passo 2: Questione os alunos sobre
as parlendas que conhecem. Promova a escuta respeitosa e o ato de levantar a mão
e aguardar a vez de falar.
Passo 3: Recite a parlenda “A
casinha da vovó” e pergunte se os alunos já haviam escutado anteriormente esta
parlenda.
Passo 4: Pergunte se os alunos
repararam que você escreveu a parlenda no quadro/lousa usando cores diferentes.
Por exemplo, se você usou pincel ou giz azul para escrever as palavras
iniciadas com a letra C, pergunte a eles: o que as palavras escritas na cor
azul têm em comum? Escute com atenção as hipóteses levantadas por eles e
confirme a intenção pedagógica de ressaltar as palavras iniciadas com a
consoante C.
Passo 5: Faça uma lista no
quadro/lousa com as palavras da parlenda iniciadas pela letra C: “casinha”, “cercadinha”,
“cipó”, “café”, “com”, “certeza”.
Passo 6: Questione se todos
conhecem o significado das palavras listadas e esclareça as que não forem
conhecidas.
Passo 7: Promova a leitura coletiva
dessas palavras.
Passo 8: Na sequência, pode-se estimular
a escrita das palavras listadas.
Passo 9: Como atividade de ampliação, pode-se enviar uma
atividade para casa em que os alunos recortem e colem outras três palavras que
também são iniciadas pela letra C.